De que me vale escrever tanto assim? Ser Vinicius com um copo na mão esquerda ou na mão direita? Estou no canto, “coup de foudre”, amor à primeira vista. Posso estar acenando para Margarida, ou para a Rosa, repletas de vida. Nem sei o que posso pretender desse encanto todo. Sei que posso ser estranho lá no meio de não abrir o bico. Ora, eis que me acolho na melancolia e no azedume. De quando em vez, me assombra a ordem para que eu fique de bico calado, a saber, essa exclamação que visa me impor silêncio.

À força de todo ponta do pé, com cabelos leves mas preso na mesa do bar, eu posso ser o amante que fica na alcova de qualquer um. Coitado de Romeu, coitada da Julieta, uma procura que se escondia no madrigal, uma pequena composição poética. Tudo isso fez a morte de um e outro que desceram por uma viagem idiota, só me resta, não (essa partícula negativa oposta à afirmativa sim). De toda meia-luz não posso mentir da saudade de tudo que me assusta. Essa destruição do dia, aniquilamento do botequim que adoro, não é a carregação de que me acusam todo o dia.

Quantos anos posso estudar essa vida sem explicação? O que o senhor e a senhora não sabem é do extraordinário conhecimento do nada. Assim, esse poeta peralta, sonha se esconder no tálamo, leito conjugal que Sara nem sabe. Nessas ocasiões difíceis entendo que devo consultar a morte e lhe contar em ventura, da felicidade falsa que um velho moço menor do que tudo, está na mais bonita porta da morte. 

Dr. Sílvio Lopes de Almeida Neto é um renomado advogado com vinte e cinco anos de atuação na área criminal. Ele adora defender seu semelhante e, além dessa bonita profissão, gosta de escrever crônicas nos momentos de lazer. Ele é casado com a rioesperense Drª Sara Miranda, reside na maravilhosa cidade de Rio Espera e é colunista em nosso portal de notícias.