Colunista - Dr. Sílvio Lopes de Almeida Neto

VIDA E OBRA DE EUTRÓPIO

Por Dr. Sílvio Lopes de Almeida Neto

01/12/2017

Eutrópio, cidadão brasileiro, do mundo, portador de CTPS totalmente assinada, roga todo santo domingo para que a situação do Brasil, melhor do planeta, dos homens e mulheres e idosos e crianças, não seja perene. Que tudo isso não dure para sempre – com as mãos postas e de joelhos – por cerca de trinta minutos ele roga, pede com instância, suplica. Promete ao templo, já não promete aos deuses dos homens todos, que se tudo der certo, vai distribuir ao menos dois quilos de demerara, açúcar de cor amarelada, com grande teor de melaço, à todos os que nada interpelam e aceitam tudo de forma fundante, isto é, todo horror de hoje serve de base, fundamento, para construção estropiada, aleijada, derreada do que é verdadeiro e bom.

Eutrópio tenta ministrar uma boa exegese das grandes inverdades para que alcancemos a proximidade da verdade, pelo menos. Nada adianta. Na impossibilidade de vencer os latrineiros de terno e gravata, sempre de plantão, ele termina por se misturar na água, argila e toda sorte de substâncias orgânicas, na “beleza” do limo. Contar que história para um povo, uma espécie que vive e ama acima de tudo uma rebulhada, jogo de adivinhação com castanhas assadas e muita cachaça barata. Desfeito o melodrama, o drama de situações violentas e exageradas, num sobe e desce qualquer, Eutrópio veste seu uniforme e vai ao trabalho. Enfim, sua dissipação, sua desaparição, sua perda inútil é, também, nosso desregramento, vício e devassidão de alma. As palavras torturam Eutrópio.

 

Dr. Sílvio Lopes de Almeida Neto é um renomado advogado com vinte e cinco anos de atuação na área criminal. Ele adora defender seu semelhante e, além dessa bonita profissão, gosta de escrever crônicas nos momentos de lazer. Ele é casado com a rioesperense Drª Sara Miranda, reside na maravilhosa cidade de Rio Espera e é colunista em nosso portal de notícias.