Colunista - Emanuel Tadeu

UMA QUESTÃO DE ÓTICA

Por Emanuel Tadeu

18/09/2018

Era uma vez uma floresta. Nela viviam muitos animais. Certo dia houve uma eleição e a coruja foi eleita pelos animais como sua representante. A coruja foi considerada honesta, digna do cargo para o qual foi eleita.

Um dia a raposa procurou a coruja. Ao chegar à árvore em que ela trabalhava, chamou-a e disse: "Preciso de um favor". "Diga qual é", respondeu com atenção a coruja. "Necessito de madeira para construir um paiol." "Um paiol?", indagou a ave. "Sim, quero guardar alimentos das minhas plantações para ter o bastante para meu sustento", respondeu a raposa. A coruja ficou pensativa, pois sabia que os recursos da comunidade deveriam ser investidos no bem de todos e não somente de um membro, tendo como exceção os momentos de enfermidade e outras circunstâncias necessárias. A coruja pensou e disse: "Prezada raposa, sei que você quer construir um paiol para estocar alimento, mas estamos direcionando nossos esforços por construir um dique na entrada do vale para que, caso chova, a água do rio não destrua nossas casas como aconteceu ano passado." A raposa ficou muito irritada pela postura da coruja e saiu enfurecida. Fofocou com os outros animais que a coruja negou ajudá-la e disse que nunca mais votaria nela para administrar a comunidade. Muitos ficaram com raiva da postura tomada pela coruja.

Aconteceu que um dia, imprevisivelmente, choveu mais do que de costume. Por consequência, o rio transbordou. A água foi em direção às casas dos animais, mas quando chegou em frente ao dique, a forte correnteza foi barrada e a água direcionou-se para outro lado e a floresta foi salva. Vendo tudo isso, a raposa compreendeu que buscar fazer as coisas em vista do bem comum é mais importante do que pensar só em si. O dique construído salvou a sua casa e a de todos da floresta. Daquele dia em diante, a raposa nunca mais foi a mesma.

 

Emanuel Tadeu é um poeta, neste instante do existir, buscando no simples o extraordinário que se manifesta. Natural da pequena Rio Espera, de uma singela família. É Seminarista da Arquidiocese de Mariana e Bacharel em filosofia pela Faculdade Dom Luciano Mendes.